Entrevista com o Robson sobre Effect
No dia 11 de Janeiro, entrevistei Robson, Criador do TCG Effect. Esse artigo cobre os principais aspectos da entrevista.
Deixarei aqui o vídeo da entrevista, caaso queira ouvir enquanto lê. Vamos lá!
1. Robson, poderia introduzir um pouco sobre você e sua história?
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Acho que começamos pela mais difícil! Sempre que recebo a pergunta “quem é o Robson”, não é fácil definir. Digo que sou uma metamorfose ambulante, procurando sempre aprender e evoluir.
Sintetizando a pergunta, tenho 33 anos, e após ser pai de 3 meninas, abri um negócio próprio, saindo do Banco que eu trabalhava. Comecei a passar mais tempo em casa para poder dar vida aos meus hobbies. Jogo RPG desde a tenra idade e sou fã de jogos, fantasia, ficção, etc.
Quando passei a ter mais tempo para mim, continuei alguns projetos que tinham se originado na adolescência. Olhando dentre as ideias que eu tive, vi que o Effect era a mais nutrida. Havia começado como um RPG, e tinha bastante lore.
Mas logo percebi que não seria fácil para continuar como um RPG. Os quebradores de realidade eram muito poderosos e isso era complicado demais de trabalhar. Personagens assim são difíceis de mensurar e controlar.
Percebendo isso, vi que a base era boa para se fazer um card game e comecei a estudar os jogos e a comunidade.
Definindo quem é o Robson, trabalho por conta própria no interior de Rondônia e busco desenvolver as ideias que tenho.
2. Qual foi a inspiração para o Effect?
Tenho várias inspirações, e quando ele ainda era um RPG, eu as buscava em vários tipos de RPG, tanto os principais quanto os pequenos presentes no mercado. Quando decidi que essa plataforma era muito complicada para o Effect, passei a buscar nos jogos de mesa, e vi no Cards Games a plataforma ideal para o Effect.
Comecei a estudar os cards games, não deixando de me inspirar no RPG, mas comecei a estudar os principais do mercado, como Magic: the Gathering, Pokémon e Yu-gi-oh!, extraindo o que eles têm de bom e estando a par do que o pessoal gosta e o que não gosta.
Eu tinha consciência de que se fosse mais do mesmo, não daria fruto. Filtrei as melhores coisas e me inteirei sobre o que acontecia nesse universo. A opinião popular é meio que uníssona, então você precisa estar atento a ela.
3. Falando do Effect, como funcionam as bases do jogo, e como você espera que os jogadores se adaptem?
O Effect tem a sua própria identidade, com uma atmosfera familiar aos outros cards games como Magic e Pokémon. Isso ajuda a introduzir o jogo.
Muitos termos são próprios, mas vários semelhantes a outros, então, ter uma base de outros card games ajuda muito.
Mas mesmo para quem não tem conhecimento em card games, não é necessário mais que uma partida para entender a base do jogo. Porém, conhecer não é jogar bem.
O Effect oferece muitas possibilidades para cada carta e isso pode atrair os jogadores que apreciam esse aspecto.
É uma das premissas do Effect dar muita liberdade para os jogadores.
4. Como o Effect se destaca no Mercado de TCGs?
Não é como se o jogo fosse de todo inovador. Ele traz sim muita coisa nova, principalmente essa liberdade. Não que outros TCG não ofereçam liberdade, mas com essa única coleção que foi exposta, Effect já mostra a que veio.
Quando se joga ele, os jogadores se surpreendem com as possibilidades. 2 baralhos idênticos podem jogar de forma bem distinta, e ainda assim ter um desempenho interessante na partida.
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Vejo na comunidade os jogadores estarem descontentes com algumas coisas nos cards games que jogam, como preço ou decisões que as empresas tomam com a comunidade ou com o produto, e procuro não errar nesses pontos para que tenha sucesso. Acredito que ele possa suprir a demanda de ser mais acessível, por ser produzido no Brasil e ter um preço competitivo.
Também há a preocupação com a qualidade do produto para que se equipare com os dos já estabelecidos no mercado, tanto na parte visual, quanto na mecânica do jogo. Sendo assim, a demanda que ele supriria seria a de uma opção a mais para quem já curte o tipo de produto. Um grupo que quer um card game bom e a um bom preço.
5. Que tipos de críticas você já recebeu ou espera receber em relação ao público?
Essa é uma pergunta boa. Evito reclamar, pois nas redes sociais as pessoas não gostam de gente reclamona. Não existe uma queixa minha nas redes, para não afastar pessoas, porém, dá para debater do assunto sem reclamar e mostrar o que tem acontecido.
A comunidade de cardgames e boardgames tem um preconceito quando se trata de jogo um colecionável brasileiro. As pessoas chegam a me abordar perguntando: “É colecionável?; E quando digo que “sim”, respondem “valeu”.
6. Qual personagem do seu jogo você mais gosta? Tem alguma carta favorita?
Olha, essa pergunta é interessante. Eu me apego a todos os personagens que crio que não são coadjuvantes. Como desenvolvedor do jogo, sempre me policiei para que não houvesse um personagem muito proeminente, pois não estou fazendo um jogo para mim ou para os amigos, tô fazendo para vender.
Mas apesar de eu me policiar, posso e tenho sim uma personagem favorita, que é a Enneda, aquela que está em evidência em todo o Marketing do Effect. A mulher com a Roupa Verde. Eu tive que trabalhar muito com ela para torná-la a garota propaganda no jogo e isso me trouxe muito apreço por ela.
O motivo dela ser a propaganda do jogo é porque tem a causa que nós humanos mais nos identificamos. Em Effect, temos 4 causas conflitantes, esse é o tema do jogo. A causa dela é a que tem a moral mais similar a nossa. Inclusive, no livro que fiz, ela é a protagonista na história, mas no jogo ela não é privilegiada acima dos outros.
Minha carta favorita se chama Desmitificar, que permite quebrar a realidade e outras cartas do jogo, e seu flavor text diz “O que é a realidade senão algo imposto por alguém poderoso?”.
7. Você escolheu fazer uma campanha de financiamento coletivo pelo Catarse. O que te levou a tomar essa decisão?
Justamente pelas condições financeiras. Se eu tivesse dinheiro, eu mesmo produziria o jogo, tal qual as empresas fazem. Escolhi o Catarse por conta dessa condição e vi que era uma prática comum.
As editoras nacionais, devido ao preconceito da comunidade sobre o jogo colecionável, também não querem pegar esse tipo de produto. Cheguei a apresentar o Effect a algumas editoras, dizendo que poderíamos entrar em um acordo, mas elas disseram que não trabalham com esse tipo de jogo.
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Então, vendo a falta de recursos e esse entrave comercial, decidir fazer o Catarse, produzir o jogo de forma independente e atender a todos os interessados.
A minha perspectiva é que uma vez no mercado, com as pessoas tendo uma cópia do jogo, o Effect passará a se vender pela própria qualidade dele. Os jogadores vão poder apresentar para outras pessoas, pois na comunidade é assim, ela vai apresentando e o jogo vai se regulando.
O primeiro desafio precisa ser vencido é ser vendida a primeira leva do jogo. Por isso, o Catarse vai ajudar a produzir e difundir o jogo.
8. Quais desafios tu já enfrentou para criar e lançar o Effect e quais desafios espera enfrentar?
Quando Comecei a desenvolver o jogo de cartas e estudar muito a comunidade, houve o problema de divulgar bem o jogo, e conhecendo a comunidade como ela é, só decidi mostrar o Effect quando ele estivesse num ponto de mecânica excelente, pois tem aqueles que apontam os erros para ajudar e outros na maldade.
Hoje eu falo sem falsa modéstia: ele tem uma qualidade equiparada a do mercado, podendo ser facilmente comparada.
Um dos principais desafios foi esse entrave da comunidade para novos TCGs, ainda mais nacionais, então, esperei chegar em um ponto que mesmo que não venda, não dê espaço para se falar mal do jogo.
O desafio é esse, o da resistência, que espero gradativamente vencer, conquistando primeiramente com os mais abertos, que ajudarão a levar para outros.
Eu senti mais segurança em levar o projeto adiante quando pessoas que tinham imagem na internet e responsabilidade com o público deles fizeram promoção do jogo, como o André (Umotivo), Elba (Fazendo Nerdice), Tio Vini, e até a própria Carol Anet, ou o Lucas Tiu Sam do canal de Pokémon.
9. Quando Vai ser o lançamento oficial do jogo? Tem alguma loja que já deva vender?
A campanha já entrou no ar, e o lançamento oficial seria se a campanha bater a meta, então, terminaríamos as artes que faltam e mandaríamos para a Copag. A previsão de entrega seria em meados de 2023. Esse seria o período que o jogo estaria entrando no mercado, com a possibilidade para fazer uma segunda coleção para o final do ano.
Quanto às lojas, conversamos com algumas no outro financiamento, porém tivemos pouco retorno, por que era pandemia. Além disso, elas também têm um calendário muito bem programado com os card games que já adquirem.
Os lojistas que estiverem vendo aqui, podem nos procurar para arrematar uma quantidade de pacotes. Vai ter uns produtos extras e vai sair por um valor muito modesto e honesto. Falando ainda de lojistas, o formato de Effect é perfeito para ser jogado em lojas e fazer torneios e eventos.
Já estamos fazendo algo a respeito disso, na própria campanha já promovemos o primeiro torneio oficial para quem quiser apoiar, e vai ter uma premiação de 5.000 reais para os 4 primeiros colocados. O torneio será em duplas, e será muito similar aos torneios que as lojas usam para fazer o seu comercial, como cartas de artes diferentes para premiação.
10. Tem algo mais que você falar para o público na final da entrevista?
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Gostaria de dizer que o Effect é mais que um jogo de cartas. Sempre falo isso para todos. Na campanha você encontrará esse comentário meu junto a outros comentários: “O Effect não está vindo para o mercado para escoar mais um cardgame. Não está vindo para colocar mais uma caixa para a loja vender”.
Sabemos que outros cards games não fazem isso, e o Effect não vai ser diferente.
Tem um escopo em volta, e o jogo é para quem tá querendo experimentar algo novo e mais acessível.
E entrando agora, você terá um contato direto com o desenvolvedor, podendo assim sugerir coisas sem intermediações.
Essa aproximação sempre foi vantajosa e sua existência ajuda a desenvolver o interesse do público para atender mais a ele. Claro que não dá para acolher tudo o que o público deseja, mas muitas coisas terão essa possibilidade de atendimento.
Isso acho muito interessante, porque constrói uma comunidade onde todo mundo ganha, onde todo mundo se diverte.
Para encerrar, eu queria dizer isso: Effect não é um card game apenas, é um projeto que está aberto para as possibilidades.
Acredito que quem apoiar, vai estar sendo recompensado com muita coisa. E eu fico muito honrado e muito grato com o apoio de cada um!
Encerramento
A entrevista com o Robson foi muito legal, e acredito no projeto dele. Você pode conferir o Instagram do Effect e a campanha de financiamento coletivo no Catarse, caso queira dar uma força!
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